A Minha Sanzala
Rádio Portimão
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31 de março de 2025
falta palavras
27 de março de 2025
a ver se me vejo
26 de março de 2025
Programa 60 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 26 de Março de 2025, tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida.
25 de março de 2025
A dois amigos que partiram
24 de março de 2025
Olha bem para mim e sorri.
22 de março de 2025
Num Março de antigamente
O vento quente do deserto soprava pela marginal, levantando
finas nuvens de areia que se misturavam ao cheiro salgado do Atlântico. Ela semicerrou
os olhos contra o brilho dourado do fim de tarde e segurou os cabelos, protegendo-se da brisa
persistente.
Caminhava devagar, os pés quase não pisavam o passeio irregular.
Ao longe, os barcos de pesca balançavam no porto, as suas sombras espelhavam na
água do zulmarinho. A cidade, com suas ruas quadriculadas e prédios coloniais
de cores desbotadas pelo tempo, parecia presa no tempo, entre a memória e o
presente.
Ela sentou-se num banco próximo à praia das Miragens. De
onde estava, podia ver as dunas estirando-se para o interior, como ondas
congeladas de areia. Lembrou-se das histórias que a minha avó lhe contara,
sobre os primeiros navegadores que chegaram ali, sobre os mistérios escondidos
na terra árida e bela de Moçâmedes.
Parou. Olhou-me e disse-me:
- O deserto é um mar inerte;
- Não. O deserto pode ser a vida. Começas sem nada e se nada
fizeres, terminas como começaste.
Olhou-me e partiu sem nada me devolver
20 de março de 2025
divagação
19 de março de 2025
Programa 59 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 19 de Março de 2025, dia do Pai tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida. Escolha e ouça com o pensamento. Ouça-nos com ouvidos de pensar
carta a meu pai
Carta ao Mau Pai
Querido Pai,
Escrevo-te esta carta com o
coração pesado e a mente atabalhuada. Há muito que guardo dentro de mim as
palavras que hoje te dirijo, na esperança de encontrar algum alívio e, talvez,
entendimento. Esta carta não é um ataque, mas um apelo à reflexão e à
compreensão.
Desde a minha infância, sempre
desejei a tua presença, o teu carinho e o teu apoio. No entanto, apenas
encontrei o silêncio, porque vazio estava o teu lugar. Um pai é a primeira
figura de autoridade e de amor na vida de um filho, e eu ansiava por ser visto,
ouvido e valorizado por ti. Sempre o fiz na imaginação, pelo que via outros
pais a fazerem aos seus filhos
Recordo-me dos momentos em que me esforçava para ter uma
recordação. Cresci sentindo que me faltava qualquer coisa. A tua aprovação ou o
teu sorriso.
Pai, a tua ausência física teve
consequências além das que eu próprio percebo. Houve momentos em que precisei
desesperadamente de um conselho, de um abraço ou simplesmente de alguém que me
escutasse e me apontasse um caminho. Em vez disso, eu estava sozinho a navegar
pelos desafios da vida sem a tua orientação, que tanto desejava.
Apesar de tudo, não escrevo esta
carta para desculpar ou protestar. Escrevo para tentar encontrar um caminho
para a minha cura e para a reconciliação do eu que exigi de mim, ser gente de
letra maiúscula.
Eu gostaria de ter conhecido o
teu lado da história. Sei que o passado não pode ser alterado.
Pai, quis o destino que morresses
quando eu era criança. Quis o destino que eu fosse um sonhador que te imaginou
sempre ao meu lado, em silêncio, mas de olhos abertos a ver-me crescer.
Com carinho
JCC